De Hollywood a Mónaco: Grace Kelly, uma vida em 10 objetos!

De Hollywood a Mónaco: Grace Kelly, uma vida em 10 objetos!

Por: Renato Drummond Tapioca Neto

 

Ícone da indústria cinematográfica, Grace Kelly marcou os anos 1950 pelos papeis de destaque que desempenhou nos filmes de Alfred Hitchcock e pelo seu casamento com o príncipe Rainier III de Mónaco, evento que foi televisionado para mais de 30 milhões de pessoas. Como muitas atrizes de sua geração, ela teve seu rosto impresso em vários cartazes e estrelou diversas campanhas, embora fosse considerada uma mulher tímida e que não gostava de ver sua vida pessoal exposta. Tendo desistido dos palcos para integrar a realeza, Grace Kelly dedicou-se ao longo da vida a atividades filantrópicas, chegando mesmo fundar sua própria ONG, a AMADE Mondiale, destinada à proteção de crianças. Falecida num trágico acidente em 1982, a lembrança de Grace perdura até os dias de hoje. Garotas do mundo inteiro recebem seu nome em registro e estilistas continuam a reinventar as peças de seu guarda-roupas, que se tornou sinônimo de beleza e elegância. Aqui, selecionamos 10 objetos e imagens que contam um pouco da história de uma das mulheres mais famosas do século XX.

 

1) RETRATOS DE INFÂNCIA

Nascia em 12 de novembro de 1929 na Filadélfia, Grace Patricia Kelly era filha do famoso atleta do remo John B. Kelly com a professora de Educação Física Margaret Katherine Majer, primeira mulher a treinar atletismo feminino na Universidade da Pensilvânia. Quando criança, Grace era considerada uma menina tímida e bastante sensível, a despeito dos três irmãos, que possuíam as mesmas inclinações dos pais para o atletismo. “Passei a infância tentando me aproximar de meu pai e de minha irmã mais velha, Peggy”, disse a futura atriz ao seu amigo e biógrafo, Donald Spoto. Durante os anos de formação, Grace fazia de tudo para conseguir a aprovação da família. Não era considerada uma aluna exemplar e, quando decidiu ser atriz, não contou com o apoio dos pais. Foi assim que aquela moça alta, loira e graciosa abriu mão da mesada que recebia e foi estudar artes cénicas na Academia Americana de Artes Dramáticas de Nova York. Para se manter, ela fazia alguns trabalhos como modelo. Ela era uma mulher ambiciosa, aplicada e perseverante, Grace disse que “não houve fase em minha vida em que não tivesse muitas inseguranças” e que “tinha de tomar minhas decisões. De outra forma, outros cuidariam da minha vida”.

 

2) OSCAR

Grace Kelly começou a atuar aos 19 anos, estrelando uma peça na Broadway. Seu trabalho chamou a atenção do produtor televisivo Delbert Mann, que a convidou para participar de uma adaptação para um programa de TV ao vivo. Aos 23 anos, ela estrelou seu primeiro longa-metragem, High Noon, no qual interpretou uma quaker num cenário de faroeste. Infelizmente, sua atuação não recebeu muitos elogios, de modo que precisou ir a Nova York, para ter aulas particulares e aperfeiçoar sua técnica. Em 1952, Grace assinou um contrato de sete anos com a Metro-Goldwyn-Mayer, no qual receberia um salário de 850 dólares por semana. No final desse mesmo ano, ela foi indicada ao Globo de Ouro e ao Oscar na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante, pelo seu papel em Mogambo. A sua carreira ascendia à medida em que era convidada para participar de produções de sucesso, tais como Disque M Para Matar (1954), Janela Indiscreta (1954) e Ladrão de Casaca (1955), do lendário diretor de cinema Alfred Hitchcock. Mas foi com Amar e Sofrer (1954), de George Seaton, que Grace Kelly foi finalmente agraciada com o Oscar de Melhor Atriz, em 1955.

 

3) CONJUNTO DE PÉROLAS

Em 1955, a atriz foi escalada para representar os Estados Unidos no Festival de Cinema de Cannes. Embora repleta de compromissos, ela conheceu nessa ocasião Rainier Grimaldi III de Mônaco, atendendo a um pedido do príncipe para realizar uma sessão de fotos ao seu lado. Na época, Grace tinha apenas 24 anos e já era considerada um dos maiores nomes da indústria cinematográfica. Os dois começaram uma discreta troca de correspondências que logo evoluiu para um caso, que durou por um período de aproximadamente um ano. “Quando nos apaixonamos, Rainier já era meu grande amigo”, disse a atriz. O príncipe então a pediu em casamento e, como presente, deu-lhe várias peças de joias, incluindo um colar de pérolas de três voltas, presas por anéis de diamantes. Para combinar, uma pulseira com o mesmo design, um par de brincos e um anel. Pérolas estavam entre as joias preferidas de Grace, que certa vez disse que “eu sou a favor das pérolas na tela e na minha vida particular” e que “uma mulher precisa de fios e cordões de pérolas”.

 

4) CARTA DO PRÍNCIPE RAINIER

Durante o ano transcorrido entre o encontro de Grace Kelly com o príncipe Rainier até o seu casamento, eles trocaram várias cartas apaixonadas. Numa delas, escrita em Nova York no ano de 1956, Rainier diz o seguinte: “Minha querida, esta é para lhe dizer de uma maneira muito branda o quanto eu te amo, sinto sua falta, preciso de você e quero você perto de mim sempre. Viagem segura, meu amor. Descanse, relaxe e pense em mim, queimando-me com esse terrível desejo por você. Eu te amo tanto”. Pouco tempo depois de Rainier escrever essas ardorosas palavras, Grace viajou para o principado de Mônaco, onde ocorreria o casamento.

 

5) VESTIDO DE CASAMENTO

Grace Kelly e Rainier III  casaram-se no dia 18 de abril de 1956, durante uma cerimónia realizada na Catedral de São Nícolas, em Mónaco. A família da noiva arcou com a quantia de 2 milhões de dólares para a organização do evento, que foi televisionado para mais de 30 milhões de pessoas do mundo todo e causou verdadeiro frisson na época. A partir de então, Grace tornou-se a Sereníssima Princesa Grace Kelly Grimaldi. O detalhe que mais chamou atenção na cerimônia, contudo, foi o vestido usado pela noiva. Desenhado por Helen Rose, o traje foi confeccionado com a ajuda de 36 pessoas. A peça ficou pronta em seis semanas e se tornou inspiração para muitas noivas de todos os lugares, incluindo Kate Middleton, que em 2011 se casou com o príncipe William do Reino Unido usando um vestido bastante parecido com o da princesa de Mônaco. Grace e Rainier tiveram três filhos: Caroline, Albert, que atualmente é o príncipe de Mónaco, e Stéphanie.

 

6) VESTIDO VERDE GIVENCHY

Além de ter se tornado um ícone cinematográfico, Grace Kelly certamente esteve na vanguarda da moda de seu tempo. Ela lançou tendências que até hoje são referenciadas por estilistas do mundo todo, para além do vestido de casamento. Grace era conhecida por combinar elegância e glamour sem abrir mão de uma pitada de classicismo, o que a tornava irresistível para os críticos da moda. No seu guarda-roupas podiam ser encontradas peças desenhadas por nomes como Chanel, Yves St. Laurent, Givenchy, Dior, Oleg Cassini e Balenciaga. No ano de 2013, uma exposição intitulada “Da Filadélfia a Mônaco: Grace Kelly – além do ícone” foi inaugurada, contendo clipes de filmes, documentos arquivados, fotografias, prêmios e peças de seu guarda-roupas pessoal e teatral. Um dos conjuntos em exibição foi o famoso vestido verde da Givenchy, com cinto de gravata e bolero de mangas combinando.

 

7) KELLY BAG

Outra tendência de moda lançada por Grace Kelly que sobreviveu ao tempo e às estações foi o uso da bolsinha quadrada da Hermes, atualmente conhecida como Kelly Bag. A princesa as usava com uma combinação elegante de sapato, chapéus e luvas. O estilo  popularizou-se ao longo da segunda metade do século XX, sendo reproduzido até mesmo em bonecas Barbie e outras similares. Hoje em dia, o preço de uma Kelly Bag pode variar de acordo com a cor e os acessórios aplicados no forro. Os modelos mais caros chegam a custar 20.000 dólares e são considerados verdadeiros artigos de luxo.

 

8) TÚNICA BRANCA DE HIGH SOCIETY

Uma das peças de maior destaque da exposição “Da Filadélfia a Mônaco: Grace Kelly – além do ícone”, foi a túnica branca de boudoir que a atriz usou na comédia musical High Society (1956). A exposição foi organizada com o apoio dos filhos de Grace, que emprestaram até mesmo cartas românticas trocadas entre ela o príncipe Rainier, bem como sua correspondência pessoal com outras celebridades, tais como Alfred Hitchcock e o ator Bing Crosby. Depois do casamento, a princesa foi privada de uma das atividades que mais gostava de fazer: atuar. Hitchcock chegou a convidá-la novamente para desempenhar o papel protagonista no filme Marine – Confissões de uma ladra. Embora inicialmente inclinada a aceitar a proposta, a família real de Mónaco considerou impróprio que sua princesa continuasse a insistir na carreira de atriz e Grace declinou da oferta. Em 1977, o diretor Herbert Ross ofereceu a ela um papel no filme A Grande Decisão. Dessa vez, assim como na anterior, Rainier foi contra a participação de sua esposa no longa-metragem. Depois disso, Grace faria apenas trabalhos sem grande importância e de curta duração, geralmente comissionados pelo principado de Mônaco.

 

9) TIARA CARTIER

Uma das peças de joalheria mais famosas da coleção da princesa Grace de Mônaco consiste numa tiara desenhada pela Cartier, mais conhecida como Tiara Bains de Mer. A armação é confeccionada em platina e ouro, incrustada com três rubis redondos coroados por diamantes brancos, dispostos num padrão floral. Além disso, a joia também pode ser utilizada como um colar, sendo que as três peças de rubi podem ser removidas e usadas separadamente como se fossem broches. Mais tarde, Rainier ofereceu a Grace um par de brincos de rubi e diamantes, assim como um anel, desenhados por Van Cleef & Arpels, para completar o conjunto. Ao longo da vida, Grace Kelly acumulou uma coleção impressionante de joias.

 

10) BROCHE DE SAFIRA E DIAMANTES

Outro dos itens famosos da coleção de joias da princesa é o broche de safira e diamantes, usado por ela em muitas ocasiões. Mais conhecido como Daisy Broche, a peça foi desenhada pela Van Cleef & Arpels e possui um padrão bem parecido com a peça que o príncipe Albert deu para a rainha Vitória como presente de casamento em 1840. Grace Kelly passou seus últimos anos se dedicando a atividades filantrópicas, à criação dos filhos e ao cumprimento de seus deveres como princesa de Mónaco. Em setembro de 1982, enquanto dirigia um carro com sua filha Stéphanie ao lado, Grace sofreu um acidente vascular cerebral e perdeu o controle do automóvel, que caiu de uma montanha de 37 metros. Levada às pressas para o hospital com graves fraturas, a princesa não resistiu e entrou em coma. No dia seguinte, seu marido solicitou que os aparelhos que a mantinham em estado vegetativo fossem desligados. Morria assim um dos maiores ícones dos anos 1950.

 

Fontes:

LEFFERTS, Brooke. Princess Grace exhibit highlights icon’s personal style, private royal life. – Acesso em 14 de maio de 2020.

OSHIMA, Flávia Yuri. Grace Kelly: nascida para reinar. – Acesso em 14 de maio de 2020.

TORTAMANO, Caio. De Hollywood à realeza: a conturbada vida de Grace Kelly, que se tornou princesa de Mônaco. – Acesso em 14 de maio de 2020.

De Hollywood a Mónaco: Grace Kelly, uma vida em 10 objetos!

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